quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

Sinta a minha traição - Parte II


Pois tudo, absolutamente tudo que eu fazia, era somente para ele, enquanto ele? Nem se lembrava da minha existência na Terra.
Voltei para a minha casa, satisfeita, pois sabia que teria bebida suficiente para pelo menos mais uma noite inteira.
Sem perceber, eu começava a perder tudo na vida, todos os amigos começavam a me deixar, nem em empregos eu já não conseguia entrar. As pessoas comentavam de mim na rua, pelo fato de eu sempre ser estúpida com os outros ou algo assim. E principalmente pelo fato de estar sempre com cheiro de bebida, com cheiro de cachaça.
Acontece que não eram elas que estavam com a pior doença que alguém pode ter. A doença chamada “amor maligno” se é que me entendem...
Todos que se aproximavam de mim, se quer agüentavam cinco minutos. Eu estava incompreensível, egoísta, ignorante. Ninguém conseguia colocar na minha cabeça que eu mesma estava destruindo a minha vida.
Naquele momento, a única coisa que eu pensava em fazer era destruir todos que me atrapalhavam, foi então que parti em busca do crime.
A última coisa que eu pensava naquele momento era em ver o lado “bom” das coisas.
Mas quem eu mataria por primeiro? Como eu faria isso? Muitas perguntas passaram pela minha cabeça. Foi então que me lembrei de um velho amigo que no mundo tinha se perdido. Na época achava ele mais esperto que eu, pois ele era assassino há alguns anos, aquilo me enchia a alma. Eu me imaginava como ele, ali, sem piedade, e quem atrapalhasse meu caminho teria o destino traçado. Eu achava que assassinar meus “problemas”, ao invés de enfrentá-los, seria a solução mais sensata no momento.
Parti em busca desse meu amigo, que agora, quarenta e sete anos depois, eu percebo que, de amizade não tinha nada a nossa relação. Ele se mostrou amigo, mas sabia que meu futuro estaria destruído, e minha vida com os dias contados.
Fiquei durante uma semana presa dentro da minha própria casa, apenas pensando e imaginando onde aquele maldito homem poderia estar o que ele devia estar fazendo naquele momento.
Amanhece o dia, peguei um ônibus até o centro, desci, tomei um suco e comecei a perguntar para as pessoas, onde Maicon poderia estar.
Caminhava em direção ao nada, pois sabia que ele estava sendo procurado pela polícia, e o que uma pessoa como eu, sem conhecimento algum sobre o paradeiro dele, poderia esperar encontrar? Eu tinha certeza que jamais o encontraria, mas mesmo assim continuei caminhando, continuei procurando Maicon.
Até que parei na casa de uma velha senhora, que me viu perguntando a uma garota se ela o conhecia.

                                                                                                   Página 3

Nenhum comentário:

Postar um comentário